Cada pessoa, cada homem e cada mulher, contam a sua história, têm uma história que as distingue das outras pessoas, dos outros homens e das outras mulheres. Vou contar a história de uma rapariga de 11 anos que vive num bairro de lata, cujo o pai morreu e a mãe perdeu o emprego. Vou contar a história de uma criança. E muitas mais histórias haverá para contar sobre cada barraca e cada família, cada pessoa e cada homem e cada mulher que vive ou viveu neste bairro de lata. Mas não tenho tempo para relembrar todas elas. Ela era uma rapariga. Ela era uma criança. Uma simples criança. Era uma criança nova, muito nova, demasiado nova para o que o destino lhe reservara. Demasiado nova para ser a criança que era e para viver no sítio que vivia. Era demasiado nova para ser quem era mas o problema é esse mesmo: quem era esta rapariga.