Um texto autobiográfico, tão comovente quanto surpreendente, sobre o que é crescer sem mãe. Lê-se como um romance mas é feito de vida. «A escrita é o peito aberto às balas. É imperativo que enfrente, descubra e escreva na proporção exata da devastação que apagou tudo.» Perto de fazer quarenta anos, Hugo Gonçalves recebeu o testamento do avô materno dentro de um saco de plástico. Iniciava-se nesse dia uma viagem, geográfica e pela memória, adiada há décadas. O primeiro e principal destino: a tarde em que recebeu a notícia da morte da mãe, a 13 de Março de 1985, quando regressava da escola primária. Durante mais de um ano, Hugo Gonçalves procurou pessoas e lugares, resgatando aquilo que o tempo e a fuga o tinham feito esquecer ou o que nem sequer sabia sobre a mãe. Das férias algarvias da sua infância aos desgovernados anos de Nova Iorque, foi em busca dos estilhaços do luto a cada paragem: as cassetes com a voz da mãe, os corredores do hospital, o colégio de padres, u...
Atuou em mim como uma espécie de desfibrilhador, ora estava dormente ora levava com uns choques que me despertavam para a vida. Terminei-o de forma sofrida confesso mas ter esta relação, quase cúmplice, com um livro é altamente gratificante.